março 31, 2006

Capítulo 188 – O fim de uma era


Capítulo 188 O fim de uma era

Era um Lanag, o 2º dia de Lunaluz. O sol que surgia, ainda tímido entre as árvores negras, aquecia a cidade de Follen naquela manhã de primavera. Na estalagem A Última Chance, administrada por um poderoso mago chamado Raraist Motaron, os heróis saltaram logo cedo de suas camas. Legolas ainda estava atordoado, após a bebedeira da noite passada. Vestiu sua cota de malha élfica rapidamente e saiu apressado para a taverna, sem nem se dar conta de que a porta passara a noite aberta. Lá, encontrou seus companheiros reunidos, fazendo o desjejum para iniciarem o dia.

Anix e Nailo aguardavam ansiosos pela chegada de Timi à taverna. O pequeno halfling que os havia ludibriado seria preso por eles assim que botasse seus pés diminutos no estabelecimento.

Sairf permanecia calado, enquanto Batloc, Yczar, Lucano e Nevan conversavam animadamente. O mago da água estava compenetrado, imerso em seus próprios pensamentos, parecia preocupado com alguma coisa.

Squall não parecia nada bem. Ainda zonzo pelo efeito mágico causado por Lana, e com a cabeça cheia de ferimentos por causa das pancadas que recebera, ocupava-se com uma fatia de batata, ainda crua, que pressionava contra a cabeça fazendo uma compressa. Sua cabeça doía ao menor barulho. Ele quase foi a nocaute quando Legolas chegou para cumprimentá-lo.

_ Pessoal! Eu estou indo pro exército! Alguém vem comigo? – perguntou Legolas, afoito.

_ Não! Primeiro a gente vai esperar uma pessoa chegar! Um halfling enganou a gente ontem e nós vamos pegá-lo assim que ele aparecer aqui! – respondeu Anix.

_ Bom, eu não posso esperar! Eu estou indo pro exército pra cumprir uma pena e já estou atrasado! Eu deveria ter me apresentado ontem! Se eu demorar mais ainda, minha situação vai se complicar cada vez mais! – completou Legolas. – Alguém sabe onde fica o quartel aqui?

_ Batloc e eu passamos perto dele ontem à tarde! Iremos com você Legolas! – respondeu Yczar, levantando-se da cadeira.

_ Obrigado! Alguém mais também vai? – o elfo olhou ao redor, para cada um dos amigos.

_ Conte comigo! – disse Nevan

_ Eu irei! – respondeu Lucano

_ Eu também! Mas fala mais baixo, por favor! Ai minha cabeça! – gemeu Squall.

_ Ótimo, então! Bom Anix, depois a gente volta pra encontrar vocês aqui! E o Sam, alguém viu ele? – disse Legolas.

Só então eles se lembraram do bardo. A última vez que o viram, Sam rastejava para fora da taverna, após ser espancado por Lana. Ninguém sabia do paradeiro do menestrel. Todos se olharam com ar de confusos, quando escutaram a voz do bardo.

_ Bom dia meus amigos! – gritou Sam. Estava sorridente e radiante como nunca. Caminhava pelo corredor que conduzia aos quartos da estalagem, abraçado com Lana. Todos imediatamente entenderam o que se passava ali. Sam e Lana tinham passado a noite juntos. Sam apresentou sua acompanhante a Legolas. Todos estavam curiosos pra ouvir do bardo os detalhes da sua noite com Lana. A cada palavra dita, que revelava os detalhes da intimidade do casal, Lana o agredia. Anix ficou revoltado, cobrando de Sam uma atitude contra aquelas agressões.

_ Não se preocupe meu amigo! Tapas de amor não doem! – foi a resposta de Sam. Uma torção na orelha do bardo foi a resposta de Lana.

Então, Yczar, Batloc, Lucano, Squall, Legolas e Nevan partiram para a base militar, enquanto Anix, Sam, Nailo e Sairf permaneceram na estalagem.

Pouco depois, Nailo também se ausentou, indo procurar por um druida chamado Hasimor Goviw, que vivia em Follen e, segundo o que ouvira, poderia ajudá-lo a localizar um clérigo capaz de devolver a vida a Loand. Nailo encontrou a morada do druida, chamada pelos moradores de Casa de Allihanna. Hasimor o atendeu gentilmente, mas não pode ajudar Nailo em sua busca. Desanimado, o ranger retornou para a estalagem, questionando-se de deveriam realmente trazer Loand de volta, ou deixá-lo descansar em paz.

Enquanto isso, na taverna, Anix aguardava a chegada de Timi. Durante esse tempo, Anix se desculpou com Lana pelas atitudes de seu irmão na noite anterior. Para sua surpresa, Lana lhe disse para esquecer o que havia se passado, demonstrando não guardar nenhuma mágoa. Parecia que a noite com Sam havia a deixado mais calma e gentil.

Distante dali, os outros subiam por um elevador de cordas até a casa que pertencia ao exército de Tollon. Lá em cima, chegaram a uma grande casa de madeira, suspensa em mais de uma árvore para garantir apoio suficiente. Embora grande, era uma construção simples. Sob a porta de entrada havia uma grande placa, na qual podia se ver o brasão do reino de Tollon entalhado. Os seis atravessaram a porta, chegando a uma pequena sala, onde um homem ainda jovem, aguardava atrás de uma escrivaninha. Havia uma porta atrás dele, que conduzia para o interior do quartel. Duas grandes janelas nas laterais deixavam a luz penetrar no ambiente, assim como a brisa da manhã. Nas paredes, vários cartazes dividiam espaço para exibir os rostos dos vários criminosos procurados pela justiça. Entre eles, pessoas famosas, como o Camaleão, o maior assassino do reinado, o lendário grupo do mal, que aterrorizava a todos só de ouvir a simples menção de seu nome, Leon Galtran, o criminoso mais perigoso e mais procurado, cuja cabeça valia uma fortuna capaz de comprar um reino pequeno. Entre eles, estava um retrato de Timi, cuja captura rendia 200 tibares. Mas o que mais chamou a atenção de todos foi o rosto de um criminoso conhecido, cuja prisão valia uma recompensa de 100 tibares, e que era procurado por assassinar um tenente do exército. Legolas.

_ Bom dia, eu vim me apresentar! Meu nome é Legolas Greenleaf! Eu sou o cara daquele cartaz ali! – disse o arqueiro apontando para seu retrato.

_ Você é quem? Hã?! Alto lá meliante, está preso! – gritou o soldado, apontando uma espada para Legolas.

_ Calma! Eu já fui preso e julgado, agora estou aqui para pagar minha pena, vim me alistar! Esse aqui é meu advogado! – esclareceu Legolas, apontando para Yczar.

_ Ah! Então você é o tal que vai cumprir pena no forte Rodick! Entendi! Eles também vão com você? – o soldado embainhou a espada.

_ Sim, eles estão comigo! Qual seu nome? – disse Legolas.

_ Sou o cabo Solo! Por favor, sigam pelo corredor! – respondeu o homem, apontando para a porta que ficava atrás de sua mesa.

_ Tá certo! Ah! Posso ficar com esse cartaz? – pediu Legolas, apontando para o seu retrato na parede.

_ Pode sim, ele já não tem mais utilidade mesmo! – respondeu Solo.

_ Obrigado! – Legolas pegou o cartaz e seguiu pelo corredor com seus companheiros.

No final do corredor, chegaram a um vasto salão com várias janelas, teto alto e várias armas de diferentes tipos e tamanhos penduradas nas paredes. Dois rapazes bem jovens lutavam um contra o outro, usando espadas de ponta romba e recobertas com pedaços de coura nas lâminas para não ferirem um ao outro. À direita da entrada, no fundo do salão, um anão, de cabelos e barba branca, os observava atentamente.

_ Senhor! Eu vim me apresentar! Sou Legolas Greenleaf! Estou aqui para cumprir pena no exército! – disse Legolas ao se aproximar do anão.

_ Fale direito garoto! – respondeu o anão.

_ Sim Senhor! Eu sou Legolas, senhor! Estou aqui para cumprir minha pena, senhor! – gritou Legolas, para desespero de Squall.

_ Certo já entendi! Legolas, você disse? Então vocês são o bando de elfos que Sunil me falou! Bem, estão atrasados! Deveriam ter se apresentado ontem! A tropa já partiu para o forte ontem pela manhã! E pro culpa do atraso de vocês, eu tive que ficar para trás esperando-os! Agora vamos logo, preencham essas fichas e vamos partir imediatamente! – gritou o anão, visivelmente irritado com o atraso do grupo.

_ Senhor, meus amigos também irão comigo! – disse Legolas.

_ Certo, Sunil me falou de vocês! Só não me disse que no grupo de vocês tinha alguém com a pele dourada! Quem é você rapaz? – disse o anão, se dirigindo a Batloc.

_ Eu sou Batloc, um genasi de cobre! Eu não irei para o exército! Eles é que vão! – respondeu Batloc, apontando para Lucano e Squall.

_ Certo, então preencham suas fichas todos vocês! – disse, entregando os papéis aos heróis.

_ Senhor, tenho alguns outros amigos que também irão, eles estão na estalagem ainda! – disse Legolas.

_ Bom, então preencha logo esses papéis e vá buscá-los então! – ordenou o anão.

Todos preencheram rapidamente os papéis. Batloc e Yczar admiravam a vista aérea que tinham de cima daquela árvore. Nevan observava atentamente o combate entre os dois soldados. Legolas conversava com os dois, enquanto escrevia. Seus nomes eram Havat e Merin, dois soldados ainda em treinamento. Após preencher sua ficha, Legolas a entregou ao anão.

_ Aqui está senhor! Estou indo buscar os outros então senhor! Disse Legolas ao entregar seus papéis.

_ Muito bem Legolas, vá logo então, não devemos perder mais tempo! Nossa tropa já está um dia à nossa frente! – ordenou o anão.

_ Voltarei logo senhor! Ah, senhor, qual seu nome? – perguntou o arqueiro.

_ Sou o capitão Glorin Coldhand, rapaz! Agora ande logo, estamos atrasados. – respondeu o capitão.

_ Sim senhor! – gritou Legolas, batendo continência e se retirando do salão.

Enquanto ele corria atrás de Sam e dos outros, Lucano e Squall aproveitaram para testar suas habilidades, desafiando Havat e Merin para um combate.

_ Nevan, posso usar sua espada? – pediu Squall.

_ Claro que sim meu amigo! Você sempre gostou dela, use-a! – respondeu Nevan, entregando sua enorme espada de madeira ao feiticeiro.

Os dois soldados revestiram a lâmina com pedaços de couro para que ela não pudesse ferir ninguém. Enquanto isso, Squall se preparava para o combate, aumentando sua força através de sua magia. Então, o duelo começou. Graças à força mágica, e à poderosa espada de Nevan, Squall levava grande vantagem sobre seu adversário. Em poucos golpes ele conseguiu encurralar Havat e com um violento golpe arrancou a espada de suas mãos, derrotando-o.

Depois foi a vez de Lucano. O clérigo pegou uma das espadas de treino e partiu para cima de Merin. Era um combate equilibrado, os dois lutavam em igualdade. O tempo foi passando sem que nenhum dos dois mostrasse superioridade em combate. Entretanto, com o passar do tempo, Merin foi perdendo as forças, ficando exausto, enquanto Lucano ainda esbanjava energia. Quando o Merin mal podia levantar a espada para se defender, Lucano o desarmou facilmente, vencendo a batalha.

_ Muito bem recrutas, estão de parabéns! Parece que vocês dois não são tão inúteis quanto eu pensei! Gostei de ver! - O capitão Glorin aplaudia os vencedores, enquanto falava com sarcasmo.

As lutas terminaram com a derrota dos dois soldados. Exaustos, os dois pararam para descansar. Squall e Lucano se encararam por um instante e, sem dizerem uma palavra sequer, levantaram suas espadas um contra o outro.

O duelo entre os dois heróis começou. Squall tinha muito mais força, graças à sua magia, parecia um touro. O tamanho da espada portada por ele também ajudava a impor mais força nos golpes desferidos. Parecia que Lucano seria facilmente derrotado. A cada golpe a espada do clérigo balançava, quase escapando de suas mãos. Entretanto, a estratégia provou ser superior à força bruta. Lucano recebeu os primeiros golpes do adversário enquanto o estudava, até que ficou encurralado numa parede. Squall levantou a espada, quase tocando o teto, e atacou com todas as forças, soltando um urro insano. Parecia o fim de Lucano. No entanto, o clérigo se mantinha tranqüilo. Colocou sua espada acima de seu ombro direito, com a lâmina voltada para cima e a ponta para fora, segurando-a apenas com a mão direita. Quando a espada de Squall se chocou na de Lucano, o clérigo abaixou a ponta de sua espada, deixando a do adversário deslizar sobre a sua lâmina até se chocar no chão. Lucano contra-atacou rapidamente, golpeando com força a barriga de Squall. O feiticeiro recuou, atordoado com a força do golpe recebido. Irritado, voltou a atacar Lucano com força. Novamente, o clérigo aparou a espada com maestria, deixando Squall com a guarda aberta. Lucano o golpeou com muita força. Squall gritou de dor e recuou, quase soltando a espada. Lucano percebeu que era o momento de encerrar a batalha e partiu para cima de Squall, desferindo uma série de golpes rápidos e fortes. Squall foi atirado ao chão, sem forças e sem sua espada. Lucano se aproximou, encostando a ponta de sua espada no pescoço de Squall e terminando o duelo vitorioso.

Enquanto isso, nas ruas de Follen, Legolas cavalgava Rassufel alegremente, em busca de seus amigos. Estava distraído, sonhando com sua carreira militar, e com o dia em que poderia reencontrar sua amada e nem percebeu, quando um grupo de senhoras atravessou seu caminho. Eram cinco mulheres, todas com vestidos longos e com as cabeças cobertas por lenços, capuzes e chapéus. Quando as viu, Legolas puxou as rédeas rapidamente. O cavalo parou, quase atropelando as mulheres, que ainda tiveram que saltar para não serem atingidas pelo animal. Passado o susto, Legolas prosseguiu em sua marcha, passando pelas mulheres.

_ E ai loirinha!!! – gritou uma das mulheres após Legolas passar por elas. Era uma mulher baixinha e corpulenta, e tinha uma voz grave, como a de um homem. Legolas se espantou com aquilo, deu meia-volta e parou diante das damas.

_ O que você disse? – perguntou o arqueiro.

_ E ai loirinha!!! Como vai essa força? Que tá fazendo por aqui? – perguntou a estranha senhora.

_ Por acaso eu a conheço de algum lugar senhora? – perguntou Legolas, ainda confuso.

_ Ei loirinha, não lembra mais dos amigos não?­ – respondeu a mulher, levantando o capuz e exibindo um rosto barbudo, com um tapa-olho negro sobre um dos olhos.

_ Tinn??? O que você faz aqui? – perguntou Legolas, assustado, ao reconhecer o anão.

_ Ora, nós fugimos cara! – respondeu o anão.

Todas as outras mulheres mostraram seus rostos rapidamente para Legolas, sorrindo. Elas eram, na verdade, os companheiros de cela de Legolas, Tinn, Durunn, Alberik, Dimitri e Rodor. De alguma forma eles tinha escapado da prisão em Vallahim e estavam agora ali em Follen, disfarçados de mulher.

_ Fugiram? Como assim fugiram? – Legolas continuava chocado.

_ Oras, a gente deu no pé! E fala baixo pra não estragar nosso disfarce! – respondeu Tinn.

_ Ah! Sinto muito, mas vocês estão presos! Agora eu faço parte do exército! – disse Legolas, segurando o anão pelo braço.

_ Deixa de brincadeira, loirinha! Fica na sua, que a gente já tá se mandando daqui! – Tinn riu, enquanto tirava a mão de Legolas de seu braço.

_ Ai não! Que maneira de começar minha carreira militar! Tá bom! Vão embora logo daqui! Vou fingir que não os vi! Agora sumam daqui! – Legolas levou a mão ao rosto, lamentando-se. Depois esporeou Rassufel, afastando-se do grupo de fugitivos.

_ Valeu loirinha! Até qualquer dia! – Tinn acenou para Legolas, imitando voz de mulher. Cobriu seu rosto com o capuz e partiu na direção oposta ao arqueiro com seu grupo.

Legolas chegou na estalagem e reuniu seus amigos. Todos juntos, foram para a base do exército, onde Lucano e os outros aguardavam. Lana também os acompanhou.

Já no quartel, o capitão Glorin entregou ao grupo as fichas de inscrição. Yczar e Batloc estavam olhando a paisagem da janela. Os dois não iriam para o exército, tinham outros objetivos e missões a cumprir. Todos já sabiam que se despediram dos paladinos ali. Tinham consciência que Nevan também não os acompanharia. O guerreiro retornaria para Darkwood, para ter um descanso mais que merecido após todo o sofrimento que enfrentou dentro de Khundrukar. Entretanto, os heróis não esperavam pelo que veio a seguir.

_ Não, eu não irei, capitão! Pode ficar com isso! – Sam devolveu os papeis ao anão, sorrindo.

_ Eu também não! Tome! – disse Sairf, devolvendo a ficha ao capitão.

_ Espera ai!!! Vocês não vão com a gente?? Você vai abandonar a gente Sam? Depois de tudo que vivemos juntos? E você Sairf? – gritou Anix, inconformado com a atitude dos amigos.

_ Não, meu amigo! Não vou abandoná-los! Só vou tirar umas férias! Esse negócio de exército não é pra mim! Serviço militar é uma indecência! Já parou pra pensar, um ano sem mulher, batendo continência! Eu to fora! – respondeu Sam, levando a mão ao ombro de Anix, e ajeitando seu chapéu. – Enquanto vocês ficam lá, treinando, eu estarei aqui fora, espalhando seus feitos heróicos pelas tavernas do mundo! Daqui a um ano a gente volta a se encontrar!

_ Eu concordo com ele! Eu desejo sua companhia com a gente Sam, mas conosco você está sempre em perigo! Não queremos vê-lo morrer novamente! – disse Legolas, segurando o choro.

_ É verdade, sempre tentam arrancar minha cabeça! Mas, mesmo assim, daqui a um ano eu estarei de volta! Enquanto isso eu vou ficar com essa bela elfa, cantando suas façanhas por ai! – Sam sorriu para Legolas e abraçou Lana. Sua voz era trêmula, era trêmula, como se Sam estivesse quase chorando.

_ Tá certo, vai! Mas prometa uma coisa Sam! Daqui a um ano, quando a gente sair do exército, vá nos encontrar na porta do forte! Estaremos esperando por você! – Anix apontou o dedo para Sam, intimando-o.

_ Combinado! Daqui a um ano nos encontraremos novamente, meus amigos!!! – Sam apertou a mão de Anix, selando um pacto.

_ E você Sairf? Por que vai nos deixar??? – perguntou Nailo.

_ Ah! Eu sou como o Sam! Não gosto desse negócio de exército não! Mas não é só por isso! Vocês sabem muito bem que eu não tiro aquela seria da minha cabeça! Eu preciso encontrar a Narse de novo, senão acho que vou enlouquecer! Eu vou voltar ao Mar Negro e procurar alguma forma de reencontrá-la! Deve existir alguém na costa que possa me ajudar nisso!­ – suspirou o mago.

_ Mas Sairf, ela é uma sereia e você um humano! Vocês não tem nada a ver um com o outro! – disse Squall.

_ Eu sei! Mas não consigo mais suportar! Tenho que ir atrás dela! Alguém no Mar Negro, talvez um mago da água mais poderoso que eu, deverá ser capaz de me ajudar! Mas eu prometo que nunca vou esquecer vocês! E um dia voltarei para revê-los! – concluiu o mago, caminhando vagamente no salão de treino e indo até uma janela voltada para o sul.

Os heróis terminaram de preencher suas fichas e as entregaram a Glorin. O capitão conferiu uma por uma, conhecendo as informações sobre seus novos recrutas. Depois ordenou que todos se despedissem rápido e que o encontrassem lá fora, onde ele os estaria aguardando, enquanto preparava seu equipamento.

Sam se despediu, emocionado de cada um dos aventureiros. Em sua mente, passavam imagens dos bons momentos que viveram juntos. Do dia em que se conheceram na Estalagem do Macaco Caolho Empalhado, em Malpetrim. Do dia em que Sam se juntou ao grupo, aceitando a carona oferecida por Nailo. Do dia em que deixaram Enola na floresta. Da chegada a Darkwood. As aventuras e perigos vividos na Forja da Fúria. Tudo passava na mente do bardo ao mesmo tempo em que ele se despedia dos amigos. Sam ainda recebeu um presente. Squall deixou com ele um manto, no qual estava bordada a figura de uma mão segurando chamas. Era o manto de família de Squall,com o brasão de sua família. Sam recebeu o presente, molhando-o com suas lágrimas. Depois pegou o manto e o jogou nas costas, usando-o como uma capa.

Depois foi a vez de Yczar e Batloc se despedirem, com abraços calorosos e votos de boa sorte a todos. Então foi a vez de Sairf. O mago se despediu dos amigos com poucas palavras, como era seu jeito, e com um aperto de mão especial do grupo que terminava com as mãos fechadas se tocando como dois socos colidindo. Lana também se despediu do grupo. Mais calma, a barda abraçou os heróis com carinho. Quando chegou a vez de Squall, ele ameaçou bater nele, para depois abraçá-lo sorrindo. Squall respirou aliviado.

_ Puxa! Mulher brava é a pior coisa que tem! Não sei como o Sam consegue agüentar! – Squall passou a mão na testa, como se enxugasse seu suor e cochichou no ouvido de Nevan.

_ Ah! Nem posso falar nada Squall! – Nevan sorriu timidamente e seu rosto ficou ligeiramente avermelhado.

O último a se despedir foi Nevan. Todos emocionados, principalmente ele, que fora salvo por aqueles jovens aventureiros, após passar por tanto sofrimento nas mãos das orcs. Os heróis o abraçaram com emoção. Estavam tristes por ter que se separar daquelas pessoas, mas ao mesmo tempo estavam felizes, por tudo finalmente acabar bem.

_ E você, Nevan? O que vai fazer agora? – perguntou Lucano.

_ Bom, eu vou procurar uma caravana que esteja indo pra perto de Darkwood e vou voltar pra casa! – respondeu o elfo.

_ Tome cuidado na volta Nevan! – advertiu Anix.

_ Não se preocupem! Vai dar tudo certo! Quando eu chegar em Darkwood, peço a Liodriel para falar com o Legolas pelo berloque e avisar que cheguei bem! E fiquem tranqüilos! Enquanto vocês estiverem fora, eu cuidarei da vila! – Nevan colocou sua enorme espada de madeira à frente de seu corpo, com a ponta apoiada no chão, e estufou o peito com orgulho.

Em seguida, o grupo desceu até o solo, onde o capitão aguardava, impaciente, pelos seus novos soldados. Os heróis trocaram novos abraços com os que ficavam, e partiram, deixando para trás grandes amizades, amores verdadeiros e encerrando uma era de aventuras.

Nenhum comentário:

Postar um comentário