maio 26, 2005

Capítulo 31 - Porcos do mato (1)

_ Você com o facão!!! Limpe a área em volta, corte todo o mato ao redor da clareira! – ordenou o soldado, visivelmente irritado, para Legolas.
O elfo desembainhou o facão e começou a cortar as moitas e cipós em volta da clareira. Legolas, com a imagem do genasi assustado ainda na mente, trabalhava distraído e só foi perceber que havia algo errado, quando viu a ponta do facão manchada de sangue após atingir uma moita. Legolas esticou o braço, e com a ponta do facão, tentou encontrar aquilo que havia atingido. Então uma criatura saltou do meio da relva, chocando-se contra o corpo do elfo com extrema violência. Legolas recuou para trás, sentindo o impacto do golpe, e quase soltando o facão no chão. Legolas olhou para a imensa criatura de pelos negros e empinados. Viu as grandes presas, que se projetavam para fora da boca da fera, manchadas com seu sangue élfico. Os olhos brilhantes do animal eram a personificação da fúria. Enquanto raspava os cascos no chão, preparando-se para uma nova investida, Legolas viu a marca do facão na cabeça do enorme javali que o enfrentava. Todos estavam paralisados, observando a cena. Tanto os heróis quanto os genasis, haviam sido surpreendidos pelo ataque do animal. Então, antes que alguém pudesse reagir, mais dois javalis saltaram da mata, cercando Legolas pela direita e pela esquerda, distantes o suficiente para atacarem o elfo durante uma corrida curta.
Rapidamente, os heróis abandonaram o trabalho e correram para auxiliar seu companheiro. Legolas se encontrava em situação difícil, cercado por três javalis furiosos, e sem sua armadura e suas armas. Os heróis se posicionaram no campo de batalha na floresta, armados de serrotes e machados, enquanto os soldados de cobre apostavam entre si quem sairia vitorioso no confronto. Legolas, ainda com o facão na sua mão, desferiu outro golpe no animal que o atacava, enquanto seus amigos se aproximavam e os genasis vibravam e comemoravam a distância. Um pedaço do couro da cabeça do javali atravessou a clareira rodopiando no ar, indo se chocar contra uma árvore.
Squall se aproximou de um dos animais, junto com Nailo que o ajudava no corte de uma árvore e, usando o serrote como arma improvisada, tentou atingir o corpo da fera. A arma agitou sua lâmina descontroladamente, indo se chocar contra uma árvore próxima.
Os javalis se enfurecem e começam a revidar os ataques sofridos. Dois deles atacaram Legolas com suas presas protuberantes, deixando o elfo com grandes ferimentos nas suas pernas. O terceiro animal avançou contra Squall. O feiticeiro recebeu o corpo do javali contra o seu, e sentiu sua carne sendo perfurada e rasgada pelos dentes do animal. Squall gritou de dor, enquanto os genasis comemoravam o ataque bem sucedido da fera.
Sairf tentou ajudar legolas, mas o mago não conseguia manejar a arma e atingiu apenas as árvores sem sequer ameaçar o javali. Os soldados riram de Sairf, deixando o mago irritado. Ele então abandonou a sua arma e iniciou a preparação de um feitiço, revelando suas habilidades para os genasis.
Nailo, acostumado à vida selvagem, não tinha dificuldades em manejar o machado. O ranger ajudou seu amigo feiticeiro desferindo um forte golpe de machado na cabeça do animal. Parte do crânio voou pela mata, enquanto o animal recuava, afastando-se de Squall.
Apesar de não possuir o treinamento adequado, Anix também decidiu atacar com o machado que usava. Ele temia que sofressem ainda mais nas mãos dos genasis, caso eles descobrissem os seus poderes mágicos. Anix girou o machado sobre sua cabeça, tomando impulso para o golpe. Mas o machado terminou sua trajetória no chão de terra batida da clareira, sem ferir o animal. O mago elfo, percebeu que não tinha escolha, e, ao ver Sairf preparando-se para lançar uma magia, largou o machado no chão e decidiu usar sua mágica também.
O javali, após se esquivar do golpe de Anix, abaixou seu corpo rapidamente, deixando seu ventre rente ao chão, enquanto o machado de Lucano passava veloz sobre sua cabeça, indo se chocar com uma árvore. O machado do clérigo foi abandonado no tronco. Lucano recuou e começou a invocar o nome de sua deusa, enquanto encarava, com fúria, o javali.
Legolas sabia que junto com Nailo, eles eram os únicos capazes de batalhar naquelas condições sem se prejudicarem. Somente os dois tinham treinamento marcial para usar os machados, e mesmo sem suas armaduras, ambos resistiriam aos ataques dos javalis, por mais graves que fossem. Precisavam proteger seus amigos magos, que possuíam corpos mais frágeis. Com esse pensamento em mente, Legolas ergueu seu facão sem recuar, e continuou atacando impiedosamente os animais. A lâmina novamente foi tingida de vermelho, e um novo pedaço foi arrancado da cabeça da fera que o encarava. Próximo a ele, Squall, já convencido de que só poderia atacar com mágica, gesticulava e murmurava um feitiço para derrotar seus oponentes. Enquanto estava com a guarda baixa, evocando as energias mágicas, o javali aproveitou e desferiu um novo golpe no feiticeiro. Squall não resistiu à dor provocada pelo ferimento, perdeu a concentração e o poder mágico que reunira se dissipou no ar. Não satisfeito, o animal voltou a atacar, mas desta vez seu alvo foi Nailo. O ranger torceu seu corpo, desviando-se dos dentes do javali. A boca do animal espumava de ódio e era possível perceber a fúria que sentia pelos seus olhos. Do outro lado da clareira, Anix estava sendo atacado. Seu sangue verteu na mandíbula do javali, tornando-a rubra. O sabor do sangue do elfo fez com que o animal se enfurecesse ainda mais. Anix soltou um grito abafado de dor, e os genasis vibraram com o sofrimento do mago. Enquanto Anix sofria com os ataques da besta enfurecida, seus amigos Legolas e Nailo conseguiam, habilmente, se desviar das mordidas e cabeçadas desferidas pelos outros dois javalis.

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