maio 26, 2005

Capítulo 32 - Porcos do mato (2)

Sairf já estava com o feitiço pronto para ser lançado, invocou o poder do frio e de sua mão partiu um facho de luz brilhante e fria. O raio passou ao lado da cintura de Legolas, carregado de neve e cristais de gelo. O javali se abaixou no momento exato, e a magia passou por cima de sua cabeça, sem atingi-lo. Uma árvore próxima, depois do animal, ficou com seu tronco parcialmente congelado. Sairf pragejou por ter errado seu alvo e começou a preparar um novo ataque mágico.
Na borda leste da clareira, Nailo se defendia dos ataques de um dos javalis, enquanto recuava pouco a pouco, distanciando-se do animal. Seu machado ameaçava o animal, impedindo-o de avançar contra Nailo. O ranger ficou a cerca de seis metros longe da fera, inclinou seu corpo para frente e preparou o machado para a investida. Enquanto isso, Anix revidava os ataques sofridos com magias de ataque. Agora que os genasis tinham testemunhado Sairf conjurando uma magia, não havia mais motivo para esconder suas capacidades. Anix reuniu uma grande quantidade de energia luminosa em sua mão, e a lançou contra o rosto de seu adverário. O javali se torceu, gemendo pela dor sentida, enquanto os genasis comemoravam. “Eles sabem fazer magias”, gritavam uns com os outros excitados, enquanto as apostas eram aumentadas.
Entretanto, apesar do ataque bem sucedido, Anix estava severamente ferido, enquanto que seu oponente parecia não se incomodar com os ferimentos sofridos. Preocupado com a situação de seu companheiro, Lucano decidiu tirar um dos inimigos do campo de batalha para tornar a luta menos difícil. Ele agarrou com determinação o símbolo de sua deusa e clamou por seu poder, enquanto olhava fixamente para os olhos do javali. O medalhão de carvalho brilhou, fazendo com que a vontade do javali fraquejasse. O animal recuou encolhido, olhando assustado para Lucano, como se o temesse.
Legolas, percebendo a ação de seu amigo clérigo, sente que é o momento para decidir a luta, e passa a atacar com o machado. A pesada lâmina do machado desceu sobre o lombo do javali, deixando suas entranhas expostas. O animal parecia ferido demais para continuar em pé, mas ele continuava firme em sua posição, como se não sentisse os efeitos dos ferimentos. A resistência daquelas criaturas era o que mais assustava o grupo, e o que mais alegrava os genasis. Mesmo recebendo um projétil mágico, evocado por Squall, diretamente no rosto, o javali não recuava. Então, Sairf percebeu que atacar diretamente não era o melhor caminho para a vitória. Anix já estava quase perdendo os sentidos, e os inimigos não recuavam. Nailo correu, aproveitando o impulso para aumentar a potência do golpe, e mesmo assim, o javali que atacava Squall parecia não se abalar ante os ataques do feiticeiro e do ranger. Vendo isso, o elementarista da água resolveu tentar algo diferente. Sairf murmurou um feitiço, e o conjurou sob os javalis que atacavam Anix e Legolas. Num passe de mágica, o chão sob seus pés foi coberto por uma substância branca e extremamente escorregadia. Os javalis começaram a deslizar naquele muco e o que estava diante de Legolas foi ao chão, vencido pela substância. O outro animal conseguiu, com muito esforço, caminhar por cima da substância e fugir para a mata, ainda sob o efeito de medo da magia de Lucano. Legolas lutava para não cair também. Demonstrando toda sua perícia, o arqueiro firmou os pés no chão e aproveitou a chance para atacar o javali caído. O animal recebeu uma machadada no pescoço, aplicada por Legolas. Um dardo místico lançado por Anix atingiu o seu rosto, deixando-o atordoado. Enquanto ainda tentava se levantar, a fera pode ver Lucano orando a Glorien, segurando o medalhão com fé. Diante do clérigo surgiu uma forte luz, em forma de cunha. A luz foi se transformando aos poucos, até se tornar uma belíssima espada longa, toda entalhada com figuras de arcos e elfos. Ao comando do clérigo, a arma avançou pelo ar, até onde estava o animal caído e aplicou-lhe o golpe derradeiro. O javali permaneceu ali caído, seu sangue tingindo de vermelho a área escorregadia criada por Sairf.
Com um dos inimigos derrotado e o outro assustado demais para enfrentá-los, os heróis concentram sua força de ataque no restante. Legolas correu com seu machado para ajudar Nailo e Squall. O piso escorregadio fez Legolas perder o equilíbrio durante seu movimento, e ele errou o alvo. Squall, já muito ferido, afastou-se e tentou subir em uma árvore. Mas o feiticeiro, sem treinamento para esse tipo de tarefa, não conseguiu escalar a árvore, tornando-se motivo de riso para os genasis. Enquanto Legolas e Nailo combatiam corpo a corpo com o animal, Sairf pôs-se a reunir energia para lançar uma nova magia. O brilho gerado pelo mago chamou a atenção do javali que, cego pela fúria que sentia, partiu para atacá-lo, sem se importar com as conseqüências. Legolas e Nailo aproveitaram a chance e atacaram no momento em que o animal lhes deu as costas. O machado do ranger tocou superficialmente o dorso do javali, arrancando um grande tufo de pelos, mas sem lhe causar ferimento algum. Legolas, entretanto, conseguiu amputar uma das patas traseira do javali, deixando mais lento. Nailo o perseguiu, enquanto Legolas preparava o machado para voltar a atacar. O machado do ranger passou rente ao chão, levantando uma fina camada de poeira e indo chocar-se na coxa do javali. O que restava da pata traseira do animal foi arrancado em um único golpe. Ele continuou sua corrida, passando ao lado de Sairf, até ficar cara a cara com Anix. Uma esfera corrosiva saltou das mãos de Anix, passando ao lado do animal e chocando-se no chão. No local do impacto restou somente uma cratera e os restos de vegetação corroída. O javali encarou o mago, raspando os cascos no chão como se o desafiasse para um duelo. Comandando mentalmente sua espada mágica, Lucano feriu o dorso do javali. A lâmina mágica atravessou a clareira em alta velocidade, rasgando o resistente couro do animal com sua ponta afiada. Mesmo assim, o javali continuava em pé, para alegria dos genasis, apesar dos ferimentos e de ter apenas três pernas.

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