maio 26, 2005

Capítulo 43 - Seis dedos

Tudo parecia terminado. Os heróis tinham eliminado os piratas e o azarado capitão Flat Nose. Agora, além do Liberdade, eles possuíam um navio maior e mais equipado. Os aventureiros começaram a revistar os cadáveres dos inimigos mortos, quando Yczar os alertou de que a luta ainda não havia acabado. Sob o convés, no porão do navio, ainda haviam os canhoneiros, responsáveis pelos disparos contra o Liberdade. Embora Cloud não tivesse detectado a presença de ninguém no porão, todos sabiam que Yczar estava certo.
Yczar convocou todos para entrarem no porão. Deixou seu mangual e seu manto, que pertencera a Teztal, junto com Batloc, e pediu que o genasi e Silfo cuidassem dos marinheiros feridos e do Liberdade. Yczar pediu por uma arma menor, recebeu a adaga de Loand para poder lutar melhor no apertado porão. Todos os outros seguiram a susgestão dada pelo paladino de Khalmyr, e deixaram suas mochilas e qualquer outra coisa que pudesse atrapalhar seus movimentos, no Liberdade. Antes de partirem para a nova batalha, Enola curou aqueles que estavam feridos com sua magia, e desejou aos seus amigos boa sorte na luta. Yczar pediu que todos formassem um círculo, os combatentes nas bordas, e os magos no centro. Com todos os preparativos prontos, o grupo de Yczar desceu as escadas que conduziam ao porão do navio pirata.
A atmosfera no piso inferior da nau não era nada agradável. A fumaça dos canhões prejudicava a visão de todos. O forte cheiro de pólvora queimava os narizes dos aventureiros. Estava extremamente escuro. A única luz naquele lugar, era a que penetrava pela entrada e pelas pequenas escotilhas por onde os canhões haviam disparado. Mas os canhões não estavam lá, haviam sido removidos e escondidos. Os heróis desceram todos os degraus da escada de acesso, observando cuidadosamente tudo ao seu redor. Procuravam pelos piratas remanescentes. Então, o chão abaixo de seus pés estalou, como madeira seca se partindo. Do piso emergiu uma enorme rede, feita de correntes, que prendeu a todos. Perto da porta, dois enormes blocos de pedra serviam de contra peso para suspender a rede e os que nela estavam aprisionados. As duas pequenas portas, que davam acesso ao convés, se fecharam assim que a rede se ergueu do chão. Enredados, os heróis tentavam a todo custo se libertar. Sairf e Anix tentavam partir as correntes com raios de gelo e de ácido. Então, um ruído semelhante ao grunhido de ratos, surgiu do meio da escuridão. Dos cantos mais escuros do porão, surgiram doze piratas, empurrando seis enormes canhões sobre pequenas rodas de metal. Os piratas apontaram os canhões para os heróis e acenderam seus pavios. Dentre eles, um homem magro de estatura mediana, com uma cicatriz no nariz e longos cabelos arrumados numa única trança, tomou a dianteira e começou a falar com arrogância:
_ Há Há Há, vocês seus idiotas, caíram num truque com mais de trezentos anos! Vocês fizeram tudo conforme eu previ! Vocês não só eliminaram o inútil do Flat Nose, como também me presentearam com o navio dele. Agora eu tenho o navio e uma tripulação para movimentá-lo, tudo conforme eu previ, há há há!!! Agora eu, capitão Léo Seis Dedos, irei me tornar o maior pirata de todo o Mar Negro! Não, de todos os mares de Arton! Vocês verão eu me tornar o maior capitão pirata de todos os tempos! Não, não verão não, pois estarão mortos! Afinal vocês caíram na minha técnica de trezentos anos e serão eliminados pelo grande Léo Seis Dedos, há há há! – Enquanto falava e gesticulava, os heróis podiam ver em suas mão o porque daquele nome tão peculiar. Léo Seis Dedos tinha de fato seis dedos em cada uma das mãos.
Os pavios foram queimando enquanto Léo discursava, até que as suas chamas entraram dentro dos canhões. Os heróis fecharam seus olhos, esperando pelo som dos disparos. Mas nada se ouviu, além dos gritos do capitão de seis dedos.
_ Inúteis, esses pavios devem estar molhados! Tratem de arranjar pavios novos e rápido!
Os piratas correram para buscar novos pavios para os canhões, enquanto Léo ria e se vangloriava do sucesso de seus planos. Sairf e Lucano começaram a preparar magias para invocar monstros para ajudá-los, quando o navio todo estremeceu com um forte som de pancada. O navio balançou, jogando a rede de encontro ao teto. Legolas tentou segurar a corrente que se prendia ao contrapeso, mas não suportou o peso de todos os que estavam pendurados na rede.
_ Yczar, Yczar! Selakos imensos estão atacando o navio! – Batloc dava o alarme do ataque das criaturas atraídas pelo cheiro do sangue do pirata que havia saltado no mar. Legolas chamava desesperado pelo genasi, mas não obtia resposta.
Léo ria, enquanto o navio chacoalhava de um lado para o outro. O balançar do navio fez com que os seis canhões virassem suas bocas para o chão da nau. Dentro dos orifícios dos pavios, Legolas e seus amigos viram pequenas chamas brilhando.
_Seu idiota os pavios estão... – Legolas não teve tempo de terminar a frase. Os seis canhões explodiram simultaneamente, abrindo uma gigantesca cratera no casco do navio. O piso ruiu e os canhões afundaram no mar, junto com Léo Seis Dedos. A água começou a entrar e a afundar o navio rapidamente. Os piratas tentavam, desesperadamente, alcançar a porta de saída. A água tomou conta de todo o porão em poucos segundos, e o navio afundou nas águas profundas. Dentro da rede, os heróis se debatiam, tentando se soltar, enquanto lutavam para prender o fôlego o maior tempo possível. Então tudo ficou escuro, e eles não viram mais nada.

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