maio 26, 2005

Capítulo 33 - A última noite

Os heróis se reuniram no centro da clareira, encurralando sua presa. Legolas girou o machado nas mãos e golpeou num rompante de fúria. A arma desceu velozmente sobre as costas peludas do javali e sua lâmina tornou-se rubra. O grito de dor do animal foi abafado pelo som da queda de Squall, que tentava novamente escalar a traiçoeira árvore que já o havia derrotado uma vez. Os gritos e risadas dos soldados ecoavam pela mata, enquanto o feiticeiro retornava para perto de seus companheiros, ferido e humilhado. Neste mesmo instante, uma fenda dimensional se abria ao lado do javali. Uma fissura se abriu no vazio, emanando uma luminosidade sinistra. A fenda se expandiu, e de dentro dela surgiu um inseto quase do tamanho de um homem e com uma quantidade incontável de patas. Sob o comando de Sairf, a centopéia abissal atacou o javali com suas garras. O animal se abaixou, enquanto o serrote empunhado por Sairf quase atingia a criatura invocada pelo mago. Após se esquivar dos ataques, a fera avançou contra Legolas. Suas mandíbulas afiadas se fecharam próximo ao rosto do arqueiro, deixando-o nauseado com seu hálito podre. Enquanto atacava, o javali se esquivava dos ataques de Nailo, Anix e Lucano. Os machados se cruzaram no ar faiscando. A espada de Lucano voou sem precisão e chocou sua lâmina contra uma árvore. Somente as magias de Squall e o facão de Legolas continuavam ferindo o javali. A lâmina do facão rasgou a cabeça do animal até atingir o osso. Squall disparou um raio luminoso de sua mão, explodindo o crânio da fera. Mas o combate ainda não estava decidido. O outro javali retornou correndo em disparada em direção ao grupo. Os genasis vibraram na torcida, ao ver o corpo de Anix ser arremessado para o alto já quase sem vida. Das marcas dos dentes da besta no ventre do elfo, jorrava uma grande quantidade de sangue. Sairf atacou em conjunto com a criatura que havia evocado, enquanto Lucano corria para socorrer seu amigo. As mãos do clérigo brilharam, cobertas de uma aura mágica, ao mesmo tempo em que o javali se esquivava dos golpes. Nailo saltou sobre a criatura com seu machado, dilacerando o focinho do animal com um violento golpe. Anix recobrou os sentidos a tempo de ver o facão empunhado por Legolas atingir o javali no ferimento criado por Nailo. A lâmina atravessou o maxilar e as pernas do javali, enterrando-se em seu peito. Uma poça de sangue se formou no chão, e o coração do animal parou de bater. Os heróis sentaram para recobrar o fôlego com o sol ardendo sobre suas cabeças. Enquanto os genasis entregavam bolsas de moedas ao soldado que havia apostado na morte de Anix, os heróis reclamavam o direito sobre a carne dos animais mortos. Mas os genasis eram irredutíveis, e ordenaram que todos voltassem ao trabalho, enquanto preparavam uma fogueira no chão. Depois de quase duas horas, o aroma da carne assada tomava conta de toda a região, misturando-se ao cheiro do suor dos aventureiros famintos. Um dos genasis arrancou uma das patas do animal assado e a atirou aos heróis, como se atirasse milho aos pombos. Todos saltaram sobre o pernil, devorando-o em instantes. Após a farta refeição, os heróis retornaram ao trabalho e, ao final do dia, cerca de dez metros da muralha de madeira já estavam prontos. Os heróis retornaram à mina no início da noite, conduzidos pelos seus capatazes. Lá, reencontraram Loand e os outros escravos, todos preocupados com a mesma coisa, Batloc havia desaparecido.
Os heróis se abalaram ao saber que Batloc havia desaparecido. Sem a ajuda do genasi, suas chances de fuga se reduziam drasticamente. Temendo que algo de ruim tivesse acontecido ao aliado, os aventureiros resolveram investigar.
Durante o jantar, o pedaço de pão mofado e sujo que sempre recebiam, souberam através de Lango, o vigia presente naquele momento, que Batloc não faria ronda naquela noite. O paladino teria que trabalhar no dia seguinte bem cedo, preparando os escravos para a contagem semanal. Essa era a notícia que todos esperavam ouvir. O plano seguia conforme planejado, se tudo continuasse dando certo, na manhã seguinte eles estariam livres.

Nenhum comentário:

Postar um comentário