maio 28, 2005

Capítulo 48 - Canceronte

Dentro da caverna, Anix encontrou apenas algumas armaduras e armas, que pertenciam à antigas vítimas do monstro, cujos corpos estavam espalhados aos pedaços na caverna. Também havia uma pequena caixa com um anel dourado, um frasco com um líquido viscoso, uma varinha que parecia ser mágica e um amuleto de madeira em forma de leque. Segundo Talin, nada ali presente fazia parte do tesouro que precisavam encontrar. O mago e o pirata recolheram os itens rapidamente, e convocaram os demais para continuarem a busca.
Os heróis continuaram seguindo os rastros na areia enquanto andavam, sentiram seus corpos ficarem mais pesados e perceberam que o efeito da magia que permitia o fácil deslocamento dentro d’água havia terminado, era preciso se apressar. Após quase trinta minutos, encontraram uma caverna, para onde os rastros seguiam. Era uma imensa abertura na parede rochosa, que se estendia vários metros montanha adentro. No chão e nas paredes ao redor dos heróis, vários pequenos caranguejos desfilavam, enquanto caçavam pequenos peixes brilhantes. Os heróis foram entrando lentamente na caverna, tomando cuidado para não pisarem nos caranguejos que circulavam por todos os lados. Após vários metros, chegaram a uma câmara muito ampla, onde centenas de ovos contendo larvas de caranguejos se empilhavam umas sobre as outras, cobrindo grande parte da caverna. No fundo da gruta, um enorme baú de carvalho refletia a luz do bastão solar. Talin reconheceu o baú, e foi em sua direção acompanhado de Anix e Legolas. Quando estavam a poucos passos da arca, um caranguejo com quase cinco metros de altura surgiu das sombras e atacou Talin com suas garras. O pobre pirata foi esmagado num único golpe. Sairf soltou um grito abafado pela água em sua boca “Um canceronte gigante!”, exclamou o mago espantado com o tamanho da criatura.
Sem perder tempo, o elementarista lançou uma magia congelante no animal para tentar impedir seu avanço. Novamente o raio se dispersou nas águas. Legolas disparou a flecha que já estava preparada em seu arco, ferindo uma das gigantescas pinças do canceronte. Loand girou o corpo, impulsionando sua espada contra o corpo da criatura, conseguindo arrancar-lhe três das suas numerosas patas. O restante do grupo correu para auxiliar seus amigos, entretanto, o canceronte foi mais rápido e atacou Loand. As pinças grotescas do animal dilaceraram o ventre de Loand, que caiu no chão frio, quase morto. O monstro levantou sua pinça, pronto para sepultar o jovem paladino, mas uma explosão luminosa o impediu. Squall, com a mão estendida, disparara um míssil mágico para salvar seu amigo. Anix lançou uma flecha, que ricocheteou na carapaça do animal, enquanto Lucano o atacava com sua espada, sem conseguir feri-lo. Sairf tentou novamente congelar o canceronte, mas somente Legolas conseguiu feri-lo com uma flechada na cabeça. Loand sangrava muito, e seus amigos tentavam a todo custo salvá-lo da morte. O monstro golpeou Legolas e Anix com suas garras, fazendo com que o pescoço do primeiro vertesse grande quantidade de sangue, enquanto que o segundo teve seu crânio fraturado. Squall correu para proteger os amigos feridos com sua espada, dando chance para que Anix se afastasse para se curar. Anix disparou uma flecha contra a carapaça do inimigo e correu para longe dele. Mesmo assim, a pinça do canceronte o alcançou quando se virou, e o arremessou para longe, deixando-o também à beira da morte. Sairf puxou Loand para longe da criatura, e, às pressas, deu-lhe uma poção de cura mágica, estabilizando sua situação. Legolas jogou seu corpo no chão e, enquanto caia lentamente, disparou uma flecha por baixo do monstro, rachando sua grossa carapaça. Squall correu até perto de Legolas, enquanto o inimigo tentava golpeá-lo com a garra. O feiticeiro recebeu um forte golpe na cabeça, mas mesmo assim conseguiu disparar um último míssil mágico no local onde a flecha de Legolas havia atingido. O raio mágico atravessou o corpo do animal, encerrando a batalha.
Com o monstro morto, os heróis puderam curar suas feridas com suas poções mágicas. Lucano foi até a arca e, ao abri-la, foi atingido por um dardo envenenado. Lucano resistiu bravamente aos efeitos do veneno, e começou a revirar o velho baú. Lá dentro, misturados com moedas, jóias e outros itens, haviam pequenas urnas feitas de coral, e uma grande estátua dourada de um selako com seus enormes dentes à mostra. Os heróis fecharam a caixa e começaram a carregá-la de volta para a vila dos sahuagins.
A viagem de volta, foi muito mais demorada do que a ida. No meio do caminho, os heróis começaram a se sufocar com a água do mar. A magia para respirar na água estava terminando. Rapidamente, todos ingeriram as poções recebidas da sacerdotisa sahuagin. Com o término da magia, os heróis sabiam que já haviam se passado cerca de três horas desde que haviam saído da aldeia. Pelo menos três reféns já haviam sido mortos, e Nailo e Yczar podiam estar entre eles. O grupo aumentou a velocidade o máximo possível. O imenso baú, cheio de tesouros dificultava o movimento e colocava suas vidas em risco. Quase uma hora depois, eles finalmente avistaram os destroços do navio pirata. Legolas nadou o mais rápido que conseguia em direção à saída do abismo vários metros acima. Seus amigos se esforçavam para carregar a arca para o alto seguindo o elfo.
Lá em cima, os soldados sahuagins aguardavam impacientes pela ordem para caçar os heróis até a morte. Legolas chamou a atenção do grupo, mas a comunicação entre eles era totalmente incompreensível para ambas as partes. Legolas gesticulava inutilmente, sem se fazer entender. O elfo então mergulhou no abismo, sendo seguido pelos sahuagins que já estavam prontos para matá-lo. O arqueiro os conduziu até seus amigos com a arca do tesouro, fazendo-os finalmente entender as suas intenções. Os sahuagins amarraram a arca nos selakos a puxaram para cima. Os heróis seguraram nos animais e foram puxados também. Fora do abismo, os aventureiros montaram novamente nos tubarões que os aguardavam e retornaram triunfantes para a vila. Entraram no palácio, onde pedaços de carne estavam espalhados pelo chão de conchas. Aos poucos foram identificando mão, pés e outras partes dos corpos dos reféns mortos. Buscaram com os olhos por seus amigos e viram duas jaulas ao lado do trono do rei. Numa delas, estavam seus animais, na outra, apenas Yczar cabisbaixo. Diante do trono, um grupo de sahuagins rodeava o rei que se levantou para olhar os que chagavam. Em suas mãos, havia uma adaga toda ensangüentada. No chão, cercado pelos soldados, havia o corpo de um elfo. Era Nailo. Os heróis saltaram dos selakos e correram na direção do amigo ranger, enquanto os outros soldados levavam o tesouro até o rei. Para felicidade de todos, Nailo estava vivo.

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