maio 26, 2005

Capítulo 40 - De volta ao mar

O paladino foi trazido a bordo pelos heróis e contou-lhes o que aconteceu dentro da montanha enquanto eles fugiam. Yczar descera até o andar inferior da mina sozinho. Lá escavou o lugar indicado pelos heróis com uma picareta, até encontrar a caverna onde o Tarrasque repousava. Yczar evocou o poder de Khalmyr, e golpeou o focinho da fera com a picareta. Mas a criatura sequer se mexeu com o ataque. O paladino, então, encantou a picareta com uma série de magias divinas, evocou novamente o poder para destruir o mal e voltou a golpear, desta vez no olho do monstro. O lendário Destruidor de Mundos acordou para se coçar, como se o ataque de Yczar fosse para ele uma mera picada de inseto. A criatura despertou ao vê-lo, furiosa e faminta, e passou a destruir toda a montanha. Yczar subiu para o andar principal, atraindo a atenção do monstro, que o seguiu, abrindo caminho através da montanha. O paladino saiu da mina e subiu pelas escadas do zigurate, para enfrentar Teztal. Quando chegou lá em cima, a criatura já havia saído de dentro de Shinaipa Turud e havia acabado de pisotear sobre o genasi. O chão onde Teztal estava desmoronou dentro da montanha. Com os tremores causados pelo monstro, Yczar rolou escada abaixo, fugindo da criatura e indo ao encontro de seu inimigo. Dentro da mina, no que restava do andar principal, Yczar encontrou o corpo já sem vida do imperador dos genasis. Confirmou sua morte, e tomou para si o pedaço que restava inteiro de seu manto. Yczar correu para a praia, enquanto o lendário Tarrasque destruía toda a ilha. Ortenko começou a afundar no oceano, e uma gigantesca onda avançou selva adentro arrastando tudo em seu caminho. Yczar foi levado pelas águas, e por sorte conseguiu se agarrar a um tronco. Agarrado ao pedaço de árvore, o paladino nadou até o navio, quase uma milha distante, até ser resgatado pelos seus tripulantes.
Todos agora tinham certeza, Teztal estava realmente morto. O maldito genasi teve o fim que merecia, morto de forma humilhante pelo ser mais assustador do mundo. Dos horrores da ilha de Ortenko restavam somente as amargas lembranças de seus ex-prisioneiros, e Batloc, agora o único genasi de toda Arton. Com todos reunidos novamente, o capitão Engaris deu a ordem para que os homens voltassem a remar. Enola agradeceu à sua amiga baleia pela ajuda. Retirou de dentro de sua roupa uma folha de pergaminho enrolada, colocou-a em um pequeno frasco de cerâmica, e a entregou para a baleia orca. A ninfa sussurrou para o animal alguma instrução no idioma druídico e se despediu. A baleia mergulhou nas águas profundas e desapareceu. Sairf sabia do que se tratava. Junto com a baleia, estava a carta que ele escrevera para Narse, a menina tritão por quem tinha se apaixonado. O conteúdo da carta, somente o mago conhecia. Os homens começaram a remar, e o navio partiu rumo ao continente.
Batloc, muito ferido desde a última batalha contra os genasis, foi curado por Enola a pedido de Anix. Após isso, o elfo conduziu a ninfa para o porão da embarcação. Enola estava tímida, no meio de todas aquelas pessoas. Anix percebeu isso, e sabia também que aqueles homens não viam uma mulher há meses, talvez até anos. Portanto, seria prudente que Enola não ficasse exposta. Ele deixou a ninfa dentro do pequeno cubículo construído por ele no porão, e viu que ela estava visivelmente abalada pela morte de tantas criaturas inocentes, todas crias de Allihanna, a deusa da natureza. Anix a abraçou, dizendo que tudo seria melhor dali para frente, entregou-lhe o pequeno colchão que havia pedido para Silfo confeccionar com as peles retiradas dos guepardos, e retornou para o convés. Enola fechou a porta, enquanto observava Anix com ternura.
No convés, uma verdadeira confusão havia sido criada por Squall e Vernt. O feiticeiro desejava reaver a flecha mágica que tinha dado para o mineiro louco, em troca da informação sobre o Tarrasque. Vernt havia usado a flecha, gastando o poder mágico da mesma, para conseguir uma noite tranqüila de sono. Era visível no rosto do homem que a flecha havia dado bons resultados. Vernt não só havia conseguido dormir, como também estava se livrando pouco a pouco dos pesadelos com o Destruidor de Mundos. Squall compreendeu que a flecha tinha tido mais utilidade para o pobre homem do que teria tido para ele mesmo. Sensibilizado, o jovem feiticeiro retirou uma fruta de sua mochila, uma das babas-de-bode colhidas na selva, e a deu a Vernt. Aquela fruta vermelha e de aspecto saboroso, logo despertou a cobiça de todos aqueles ex-mineiros famintos de desnutridos. Vários deles avançaram sobre Vernt, e começaram a arrancar pedaços do fruto e a comê-lo. Os remadores começaram a brigar por causa da fruta quando Anix chegou ao convés. Legolas os ameaçava com seu arco e ordenava que se comportassem. Sob as ordens do capitão, a briga se encerrou, mas os homens estavam muito agitados. Nailo passou então a distribuir as frutas que tinha em sua mochila. Anix, que acabava de sair do porão, recolheu todas as frutas que pode, e pediu ajuda a Silfo. Os dois desceram até o porão, e passaram a dividir as frutas, para distribuí-las entre os marinheiros.
Mais alguns homens trabalhavam no porão em um fogão improvisado, cozinhando os caranguejos capturados no mar. Anix trabalhava na partilha das frutas com Silfo, quando viu a porta do alojamento de Enola se abrindo. O elfo foi até a ninfa e a encontrou com o belo rosto enrubrecido, enquanto se contorcia, como se sentisse alguma dor.
_ Anix...eu...eu...quero...eu quero fazer xixi!!! – Enola estava toda envergonhada. No navio não havia nenhum banheiro ou coisa parecida, somente uma latrina na proa, onde os dejetos eram lançados ao mar, diante da visão de todos os tripulantes. Anix retirou o seu manto, indo com Enola até a proa, afastado de todos os outros, incluindo Silfo. Enola fez suas necessidades num canto do navio, sobre o chão do porão, enquanto Anix a protegia com seu manto. O elfo não resistiu à tentação de olhar a bela ninfa, com seu vestido de cetim transparente, naquele momento tão delicado. Anix percorreu cada curva daquele corpo exuberante com seus olhos, sem saber que Enola havia notado ele espiando. Entretanto, a ninfa não disse nada, e, mesmo envergonhada, permitiu que o elfo a olhasse.
Já de volta ao convés, Anix distribuiu frutas para todos os remadores, encerrando a pequena rebelião. Alimentados, os homens passaram a trabalhar com mais afinco. Entretanto, as frutas colhidas na floresta seriam insuficientes para toda a viagem, e alguma coisa precisava ser feita para se conseguir mais comida. Sairf arrependeu-se de guardar para si a informação sobre a existência de Gorad no navio de Guncha. Certamente, aquele alimento altamente nutritivo pouco volumoso, seria a melhor solução para o problema que surgia.
Nailo remava ao lado de Guiltespin, o mago ilusionista anão que havia tornado a fuga possível. Sem seu grimório, o pequeno mago não podia mais conjurar magia alguma, então Nailo encontrou uma solução. Pediu emprestado o grimório de Sairf e o entregou para Guiltespin, pedindo que o pequenino passasse a estudá-lo sem parar, pois seus poderes mágicos poderiam ser úteis durante a viagem. O anão se retirou para o porão, concentrado em seus estudos, enquanto o ranger tomou seu lugar no remo.
Assim, os dias no mar foram passando de forma tranqüila. Aqueles que não tinham habilidades para lutar, passavam os dias remando, enquanto Nailo e seus companheiros cuidavam da vigilância e da segurança do navio. Batloc e Yczar remavam lado a lado, junto com os outros marinheiros. Aos poucos o paladino passava ao genasi todos os ensinamentos e dogmas do deus da justiça. Batloc escutava com atenção cada palavra que saía da boca de seu mestre, e sua felicidade era visível.
A pedido de Squall, Sairf passou a dar aulas para seus amigos. Enquanto cuidavam da vigilância do navio, os heróis aprendiam passo a passo a se comunicarem no idioma Aquan.
Durante os dias que se seguiram, Nailo e Anix se encarregaram de conseguir mais alimentos do mar. Anix usava a mochila de couro, feita por Silfo, como uma espécie de rede para conseguir pescar não mais que cinco peixes grandes por dia. Já Nailo, usava a antiga balestra do Lazarus para arpoar algo em torno de vinte peixes grandes ao dia. Para atrair os peixes, os dois usavam como isca, inicialmente, os caranguejos e depois os próprios peixes pescados por eles. Enola deu sua contribuição através do poder de Allihanna. A ninfa encantava magicamente cada uma das frutas antes de servi-las aos tripulantes. Desta forma, cada fruta valia por uma refeição completa, e aos poucos os outrora esqueléticos homens, foram recuperando a saúde e o vigor.
Legolas, era o mais próximo ao capitão. O elfo passava horas tendo longas e prazerosas conversas com o ex-corsário, sobre a vida no mar, mulheres, e diversão. Mesmo tendo sido um pirata, o capitão Engaris era um homem de bom coração, ao contrário de alguns de seus colegas de profissão. Engaris já havia tido contato com piratas famosos, como James K., Selakos, Hardman e Jade, e com outros menos importantes, como um tal capitão Flat Nose, um homem de pouco talento e muito azar, segundo Engaris.

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