maio 26, 2005

Capítulo 38 - O despertar da fúria

Meia nau já estava fora da caverna quando todos olharam para trás, despedindo-se da vida de escravidão. Então o medo e o pavor tomaram conta de todos novamente. Na entrada do túnel que conduzia até a mina, um grupo de dezenas de soldados de cobre e prata olhava para os fugitivos como leões olhando para sua presa. À frente de todos eles estava Teztal. O genasi de platina apontou sua mão para o navio. Era possível sentir pelo seu olhar toda a maldade que carregava em seu coração. A mão prateada do genasi começou a emitir um forte brilho que foi crescendo até ofuscar a todos. Parecia o fim. Quando o genasi estava pronto para desferir o golpe final, um rugido assustador tomou conta de toda a ilha, fazendo a caverna estremecer. As estalactites começaram a desabar, bloqueando o caminho entre Teztal e os fugitivos. O genasi encarou a todos com frieza, virou-se rapidamente, agitando seu manto cravejado de jóias e retornou para a mina, determinado a destruir a todos.
Dentro do Liberdade, todos remavam como se aquele fosse o último dia de suas vidas. E seria, se não se afastassem daquele lugar rapidamente. Fora da caverna, o navio ganhou velocidade. O esforço conjunto dos remadores e da amiga de Enola, fez com que a nau percorresse quase uma milha em poucos instantes. O navio já estava a uma distância segura, onde o desabamento da montanha não poderia atingi-los. Todos pararam, exauridos, e olharam para Shinaipa Turud, felizes por terem conseguido escapar. Novamente a alegria deu lugar ao pânico, quando a figura de um homem prateado surgiu no topo da montanha. Era Teztal. O topo da montanha começou a brilhar, um brilho tão intenso quanto o do próprio sol, idêntico àquele que destruíra o Lazarus, dias atrás. Os heróis baixaram suas cabeças, esperando pela morte certa. Então a montanha explodiu. Ao invés de um raio luminoso, o que saiu da montanha foi a pior de todas as criaturas. O lendário Tarrasque, o destruidor de mundos, surgiu de dentro de Shinaipa Turud, lançando seu topo a metros de distância. A enorme criatura destruía tudo a sua volta. Pisava nos genasis como um leão pisando em formigas. Teztal apontou sua mão para o monstro e começou a disparar seus raios mágicos contra a criatura. O terrível genasi, com todo o seu poder, não era capaz de sequer arranhar a pele escamosa do seu adversário. Dentro do navio, todos assistiam, paralisados, àquela cena assustadora. O tarrasque levantou uma de suas patas com suas garras afiadas e pisou em cima de Teztal, sepultando-o na montanha. Os tripulantes do liberdade gritaram em coro quando o genasi encontrou seu fim. Mas isso era apenas o começo. O Destruidor de Mundos saiu de dentro da montanha que era apenas um pouco maior do que ele. Começou a andar pela ilha, destruindo tudo o que encontrava pela frente. Em meio às árvores que caiam e aos pássaros que fugiam em revoada, era possível ver os soldados genasis, apavorados, sendo esmagados como míseros insetos. A criatura foi até a praia, onde Guncha e seus filhos dourados tentavam, inutilmente, recolher as âncoras do Imperatriz Dourada. A bela genasi, assim como seus seguidores, foi devorada pelo monstro. Yupan, o líder dos soldados de prata, e Maeka, o líder dos soldados de cobre, foram esmagados pelo caminhar da fera. A visão de Enola havia se concretizado. O despertar da fúria, era uma visão assustadora. Um a um, os genasis foram sendo mortos pelo Tarrasque. Junto com eles, também os animais e árvores foram sacrificados. Legolas se lembrou da pequena coelha que havia soltado na selva, com certeza Lola também encontraria seu fim ali. Uma lágrima escorreu pelo rosto do elfo, enquanto ele assistia à destruição do império de Teztal. Então, quando o número de vítimas tornou-se suficiente, o imenso colosso de pedra, que repousava sobre o zigurate do genasi, ergueu-se de seu trono e começou a caminhar a esmo sobre a ilha. A imensa estátua de pedra caminhou em direção ao mar, enquanto o Tarrasque se encarregava de destruir a ilha, e entrou nas águas, até sumir completamente nas profundezas. Os heróis esperavam que, sem o comando de Teztal, a imensa estátua não se tornasse uma nova ameaça. Uma reação em cadeia se iniciou na montanha, e ela começou a explodir, jorrando ouro, prata, cobre, platina e pedras preciosas para o céu, enquanto os destroços da ilha começavam a chegar ao liberdade, arrastados pela correnteza. A ilha de Ortenko começou a afundar lentamente, até desaparecer por completo, junto com toda a sua riqueza e junto com o terrível monstro. O grande Oceano se encarregou de engolir e jogar no esquecimento toda aquela ilha e as atrocidades ali ocorridas. Da ilha de Ortenko, somente pequenos destroços boiavam no mar.

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