maio 27, 2005

Capítulo 46 - Rugidos no abismo

Os heróis caminhavam nas profundezas, entre estranhos peixes luminosos, vasculhando cada centímetro da fenda em busca do navio pirata. Após algum tempo, avistaram os destroços da nau no centro do abismo. O navio estava totalmente em pedaços. Apenas metade dele ainda continuava inteira, apesar dos enormes buracos no casco. A outra metade se espalhava pelo solo em milhares de pedaços, misturando-se à pedras e algas do local. O grupo se aproximou lentamente da embarcação, os dois piratas iam à frente, enquanto Legolas iluminava o local com o bastão solar. A luz do bastão refletiu em dois enormes olhos amarelados, dentro do casco do navio. De lá de dentro, um enorme leão marinho surgiu, rugindo e avançando sobre os heróis.
Rapidamente, Legolas lançou o bastão luminoso no chão, próximo do inimigo, e disparou uma de suas flechas nele. Para sua infelicidade, a água gelada do mar desviou a trajetória de sua flecha, fazendo-o errar o alvo. Os dois piratas sacaram seus sabres, e investiram contra o animal. Seus sabres apenas resvalaram na pele espessa da fera, que revidou mordendo o ombro de um dos marujos. O pirata começou a sangrar muito, demonstrando toda a força das mandíbulas do monstro. Anix gritou para que os dois recuassem, pois, caso fossem mortos, mais ninguém poderia reconhecer o tesouro roubado dos sahuagins. Mas o aviso do elfo chegou tarde demais, e, enquanto Lucano e Sairf se concentravam na realização de magias, o leão atacou com toda sua fúria. Talin, um dos piratas, conseguiu escapar por pouco das garras do leão, seu amigo não teve a mesma sorte e teve sua garganta rasgada pelo animal. Loand tentou socorrê-lo, mas já era tarde. O paladino atacou com sua espada então, mas a criatura defendeu o golpe com suas poderosas unhas e contra-atacou, mordendo o ventre de Loand.
O paladino sangrava muito, mas não recuou um milímetro sequer. Sua coragem inabalável, graça concedida pelo deus da justiça, o impedia de se dar por vencido. Anix tentou enfeitiçar o leão marinho, e enquanto distraía o animal, Legolas se aproximou e atirou uma nova flecha. Mas o monstro também não se dava por vencido. Sua força de vontade foi maior que o poder mágico de Anix, e sua pele mais forte que a flecha lançada por Legolas. O monstro rugiu para os dois elfos, enquanto Talin fugia apavorado.
Simultaneamente, dois grandes tubarões surgiram magicamente, invocados por Sairf e Lucano. Os animais atacaram o leão, seguindo as ordens de seus mestres, enquanto Lucano tentava, sem resultados, alvejar o animal com seu arco. O clérigo errou seu ataque, mas os selakos não. A batalha dos animais, disputada dentada a dentada, era desfavorável para o leão marinho. Percebendo isso, Sairf se concentrou e começou a convocar mais reforços. Além dos tubarões, Loand atacava com toda sua força. Durante alguns instantes, a luta se manteve equilibrada. Nem Loand, nem os tubarões, nem o leão conseguiam ferir uns aos outros. A balança começou a pender para o lado dos heróis quando Legolas e Anix cercaram o leão marinho pelos flancos, disparando seus arcos à queima roupa. Era impossível desviar daqueles ataques, o leão foi ferido e começou a sangrar, atiçando ainda mais a fúria dos selakos sobre ele.
Talin recolheu o bastão solar do chão para iluminar o ambiente para os combatentes, enquanto Squall e Lucano lhe protegiam.
Sairf conjurou um terceiro tubarão, que se juntou aos outros dois para devorar o leão marinho. Os três selakos atacaram conjuntamente, arrancando pedaços do pescoço e do focinho do leão, enquanto Sairf começava um novo ritual de invocação.
O leão rebateu novamente a espada de Loand, e despedaçou o corpo do tubarão convocado por lucano com suas garras. Tentou morder Legolas, mas o elfo era muito mais rápido e se livrou das presas do animal defendendo-se com seu arco.
Anix fez um movimento com os braços, como se usasse um arco para mirar no inimigo. Murmurou um feitiço com todo o cuidado para que a boca cheia de água não prejudicasse a conjuração. O mago disparou uma flecha luminosa que atingiu as costelas do leão e começou a queimá-lo como se fosse corrosiva. Enquanto o animal rugia de dor, devido à flecha ácida, Legolas e Lucano o atacaram com seus arcos. O arqueiro atingiu o lombo escamoso da fera. Lucano, entretanto, só conseguiu atingir as costas de seu amigo Loand. Porém, nem mesmo o fogo amigo atrapalhou a vitória dos heróis. Os selakos atacaram, reforçados por um novo tubarão invocado por Sairf, e, em poucos minutos, despedaçaram o inimigo.
Enquanto os tubarões devoravam a carcaça do leão marinho, os heróis entraram no que havia sobrado do casco do navio pirata. Procuraram pela arca que, segundo Talin, continha o tesouro roubado dos sahuagins. Não encontraram nada, além de umas poucas moedas de ouro, guardadas por Sairf. Vasculharam tudo ao redor dos destroços do navio e encontraram marcas de algum objeto grande que fora arrastado sobre a areia para fora do alcance da visão dos heróis. Eles decidiram seguir a trilha, na esperança de que o objeto arrastado fosse o baú com o tesouro.

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