maio 26, 2005

Capítulo 34 - Kobolds

O quinto dia do mês de Allihanna começou cedo para os escravos. Antes que o sol despontasse no horizonte, Batloc já havia acordado todas as pessoas da mina. Somente ele e os escravos se encontravam no andar principal da mina. O genasi servo da justiça posicionou todos os escravos no centro da caverna para a contagem. Legolas entregou a jade e o pedaço do manto de Teztal para Guiltespin. O anão reuniu os objetos enquanto gesticulava e murmurava versos em linguagem arcana. A jóia brilhou intensamente, para depois se tornar completamente opaca. Guiltespin gritou para que todos saíssem da mina, indo em direção ao túnel secreto na cela. No local de onde o anão saiu, uma cópia ilusória dele permaneceu. Os escravos foram descendo pelo túnel, guiados por Batloc. A maioria das pessoas já estava fora da montanha quando Yczar veio se despedir. O paladino deu adeus aos amigos e rumou para encontrar o Destruidor de Mundos. Nailo tentou acompanhá-lo, mas as palavras do paladino o convenceram do contrário. Legolas com a mão no ombro do servo de Khalmyr tinha lágrimas nos olhos quando deu seu adeus na língua dos elfos.
_ Uma estrela brilhará no céu no dia do nosso reencontro! – segurando as lágrimas, Legolas partiu apressado para o túnel, acompanhado de Nailo.
Squall, ainda irritado por ter sido obrigado a entregar a sua preciosa flecha do sono para Vernt, queria descer até o andar inferior para reaver seu item. Mas Batloc o impediu, e colocou o feiticeiro e as pessoas restantes no fosso secreto. Batloc fechou a laje de pedra e todos rastejaram apressados em direção ao navio.
No cemitério dos navios, os escravos subiam a bordo sob as ordens do capitão Engaris. Roryn ajudava a organizar os marujos que pouco a pouco iam assumindo seus lugares nos remos. Quase todos os homens já estavam a bordo quando os heróis chegaram à gruta, notando a ausência de alguém. Nem Silfo nem Enola estavam na caverna. Desesperado, Nailo correu até o paredão de pedra que separava a gruta da floresta acima. Não havia ninguém esperando. O ranger avisou seus amigos e subiu a parede de pedra para procurar pela dama da floresta, enquanto seus amigos aguardavam impacientes. Legolas aproveitou o momento, e libertou a pequena Lola na mata, enquanto assistia ao seu amigo ranger desaparecendo entre as árvores, em busca de Enola.
Nailo e Smeágol entraram na mata apressados. Seguiram pela trilha que conduzia até a casa de Enola. Passavam entre os arbustos espinhosos sem se importar com eles. Sua única preocupação era encontrar Enola. Um grito agudo no meio da selva chamou a atenção do ranger. A voz agoniada pedindo socorro fez com que Nailo e seu lobo corressem ainda mais depressa. Alguns metros à frente, encontraram Enola, escondida atrás de uma árvore, enquanto Silfo combatia oito pequenas criaturas numa clareira próxima. As pequenas criaturas reptilianas haviam cercado o sátiro, e o atacavam com pequenas lanças de madeira com pontas de pedra. Seus olhos amarelados olhavam para Silfo como um predador olhava para sua caça. Os focinhos compridos e repletos de dentes pontiagudos, revelavam o perigo que aqueles pequenos seres poderiam significar. Nailo passou por Enola sem dizer uma palavra enquanto sacava suas espadas. Correu até a clareira gritando enfurecido, para chamar a atenção das criaturas para si. O pequeno bando de kobolds se dividiu para atacar os novos inimigos assim que a cabeça de um deles rolou pelo chão ao ser separada de seu corpo pela espada do herói.
Os kobolds revidaram com suas lanças. Três deles cercaram Smeágol, atravessando o couro do lobo com suas armas. O animal ganiu ao mesmo tempo em que os pequeninos gritavam em comemoração. Nailo se defendia dos golpes com suas espadas, mas apesar de toda a sua habilidade, não conseguiu ficar ileso. As pequenas pontas de pedra o perfuraram no abdome e na coxa esquerda. A situação de Silfo não era melhor que a dos companheiros. Cercado por dois dos kobolds, o sátiro tinha dificuldade em se esquivar de todos os ataques. Mas os ferimentos do sátiro eram apenas superficiais. Silfo revidou, esmagando os crânios dos dois monstros com uma enorme clava de carvalho portada por ele. Nailo eliminou mais dois inimigos, cortando-os ao meio com suas espadas. Os outros três foram mortos a mordidas por Smeágol. Mas antes que o último kobold tombasse em combate, os pequenos humanóides chamaram reforços. Gritando por auxílio com vozes parecidas com latidos, os kobolds convocaram um novo pelotão composto por mais oito criaturas. Os novos inimigos entraram no campo de batalha, vindos da floresta, atacando de forma semelhante aos antecessores. A maior arma que os pequeninos possuíam era a quantidade. Os novos combatentes cercaram os heróis na clareira. Suas pequenas lanças afiadas se debatiam nas espadas de Nailo, soltando faíscas pelo ar. A cada golpe desferido, os gritos dos kobolds ecoavam pela selva, ora em comemoração, ora de dor. Apesar de numerosos, os pequenos ainda não eram páreo para Nailo e seus companheiros. As espadas do ranger deslizavam pelo ar, tingidas pelo sangue das criaturas. Dois kobolds tombaram, com seus corpos esquartejados pelas lâminas de Nailo. Outros três tiveram seus crânios esmigalhados pela clava de Silfo. Os três kobolds restantes atacavam Smeágol. O lobo se defendia dos ataques, mas as lanças iam pouco a pouco perfurando sua carne e sua vitalidade se esvaia a cada golpe. Smeágol tombou no chão frio da floresta, mas não antes de enviar um dos inimigos para o mundo dos mortos. Uma mordida voraz no pescoço de um dos kobolds separou sua cabeça de seu corpo. Com seu lobo a beira da morte, Nailo se enfureceu. Os gritos de ódio e fúria do ranger eram ensurdecedores. Nailo correu até os dois inimigos restantes, atacando freneticamente com suas espadas. Silfo ficou paralisado enquanto assistia ao rompante de fúria de Nailo. Os kobolds eram como formigas atacadas por um leão naquele momento. As criaturas, em pânico, gritavam por socorro em seu próprio idioma. A lâmina da espada longa atravessou todo o corpo de um deles, e a espada curta de Nailo decapitou o segundo. Nailo olhou para a parte mais densa da floresta e viu dezenas de kobolds correndo em sua direção. Era quase uma centena de criaturas, mas o ranger não os temia. Seu único intuito naquele momento era vingar a morte de seu companheiro de infância. Nailo buscou Smeágol com seu olhar, mas não o encontrou no chão. Olhou para trás e viu Silfo carregando seu amigo nos braços correndo em direção ao cemitério dos navios. Silfo puxou Enola pelo braço e correu o mais rápido que podia, chamando Nailo para segui-lo. O ranger atendeu ao chamado, deixando os inimigos para trás, e evitando o que seria um massacre. O pequeno grupo chegou rápido ao paredão de pedra. Do alto era possível ouvir o som de gritos de desespero e fúria. Espadas se cruzando emitiam um som agudo que logo foi reconhecido por todos. Era uma batalha. Nailo pediu a Enola para cuidar de seu amigo com seu poder de cura e desceu pela parede rochosa veloz como uma aranha para ajudar seus companheiros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário