novembro 01, 2005

Capítulo 124 - A despensa maldita

O estranho limo atingiu o peito de Squall com um pseudópodo pegajoso. O monstro ainda tentou se projetar por cima do feiticeiro e envolvê-lo com seu corpo disforme. Felizmente Squall conseguiu se livrar do abraço da criatura, mas não saiu ileso. Além da forte pancada recebida, seu peito queimava devido à secreção ácida expelida pelo monstro durante o ataque. Squall recuou e se protegeu atrás da parede, e lançou uma maga dentro da sala onde estava o monstro. A pequena esfera de enxofre atirada por Squall explodiu numa esfera de chamas, tomando conta da pequena sala e além, atingindo inclusive o próprio feiticeiro que a conjurou. Para surpresa de Sairf e Squall, o monstro não foi afetado pela magia. A criatura continuava se movendo de forma estranha na direção dos dois como se nada tivesse acontecido. Os dois se deram conta de que a criatura era imune ao fogo e tiveram que pensar numa nova estratégia.
Enquanto isso, na sala ao lado, os ratos tentavam fugir desesperadamente. Entretanto, o espaço ocupado pelos heróis bloqueava a passagem das criaturas que se viram forçadas a lutar pelas suas vidas. Legolas acertou os dois ratos que o cercavam com suas flechas, mas também foi ferido na perna por um deles que aproveitou o momento em que o elfo carregava o arco para pegá-lo de surpresa. Anix puxou o amigo para trás, e atirou uma das contas de seu colar dentro da sala onde estavam os ratos. A explosão feriu todos os animais, mas não foi forte o suficiente para vencê-los. Além disso, assim como Squall, Anix também sofreu os efeitos devastadores das chamas explosivas, já que estava perto demais do local do impacto.
Um dos ratos que tentava fugir se chocou em Nevam, e recebeu uma espadada certeira que quase o matou. O animal saiu cambaleando, reunindo suas últimas forças para fugir, mas Lucano frustrou suas intenções, tirando-lhe o que restava de vida com um golpe de machado em seu crânio.
Nailo, o mais próximo da porta de saída, ouviu os apelos de Sairf e Squall e correu para ajudá-los. Dois ratos tentaram segui-lo e fugir, mas foram impedidos pelas lâminas de Lucano e Nevan, que os mataram. Nailo entrou na sala onde estavam Sairf e Squall. Sem entender o que se passava, Nailo foi atacado pelo monstro. A criatura atingiu o ranger com seu tentáculo ácido, e depois o envolveu com seu corpo. Nailo se debatia, sendo corroído pelo ácido, enquanto recuava em direção à porta. Sairf usou um raio congelante para matar a criatura pois, pensava ele, se ela era imune ao fogo, com certeza o frio seria sua fraqueza. Infelizmente Sairf estava enganado. Seu ataque de nada serviu, pois além do fogo, o estranho ser também era imune ao frio. Squall tentou utilizar seu raio ardente, diretamente no local onde Sairf havia disparado o raio gelado. Esperava que ao menos o choque térmico pudesse ferir a criatura. Entretanto nem isso surtiu efeito.
Enquanto isso, Sam descarregava sua besta na cabeça de um dos ratos, eliminando mais um inimigo. Com igual precisão, Legolas também perfurava os corpos dos animais, minando suas forças pouco a pouco. Um dos animais tentou fugir de Legolas, mas Nevan o impediu. Do local onde estava, o guerreiro arremessou sua poderosa espada negra. A arma rodopiou no ar, criando uma leve brisa dentro da sala. No final da trajetória, a ponta da espada atingiu mortalmente as costas do rato que fugia, matando-o.
Anix avançou contra os ratos e disparou seus mísseis mágicos. Os animais soltaram guinchos de dor enquanto eram alvejados pelo mago. As pequenas criaturas correram para fora da sala, passando por entre as pernas dos heróis que tentavam impedi-los de fugir. No meio da confusão, Nevan foi derrubado pelos animais. Sam correu para ajudá-lo, e Legolas, Lucano e Anix continuaram a perseguição aos ratos. Lucano alcançou um deles com seu machado e abriu-lhe um profundo corte em suas costas. Legolas correu até a porta, alcançando o rato ferido pelo machado de Lucano e perfurou-lhe o corpo com uma flecha. O animal rolou pelo chão sem vida, enquanto o rato restante escapava pela escada. Aquela sala agora estava livre de qualquer ameaça e podia ser explorada sem receios. Entretanto, na sala ao lado, o restante dos heróis passavam por maus bocados nos tentáculos do limo cinzento que os encurralava.
Após conseguir escapar do abraço mortal da criatura, Nailo o atacou com sua espada. Mesmo ferindo a criatura, todos perceberam que aquela tática não funcionaria por muito tempo, pois o fio da espada havia sido corroído pelo ácido da criatura, e agora estava quase sem corte.
Squall disparou uma flecha contra ela, mas, a exemplo da espada, o projétil também foi dissolvido pelo muco cáustico do monstro.
Sairf tentou então diluir o ácido, jogando todo o conteúdo de seu cantil sobre a criatura. Nenhum efeito. A água escorreu pelo corpo pegajoso e corrosivo, sem causar nenhum tipo de incômodo ao monstro. A criatura continuava a atacar impiedosamente com seus tentáculos. A armadura de Nailo já estava quase inutilizada após tantos ataques, e o peito de Squall ardia como ferro em brasa.
Então, inspirado na idéia de Sairf, Nailo tentou uma ação arriscada. O ranger fechou os olhos e mordeu os próprios dentes com força. Nailo agarrou o monstro com força e começou a arrastá-lo para fora da sala. Sua mão queimava e sua pele se desprendia dela como papel molhado. Suas unhas começaram a amolecer, mas ele resistiu a toda dor e não soltou da criatura. Sabia que se a levasse para fora poderia jogá-la no riacho. Se a água em abundância não fosse suficiente para diluir todo aquele ácido, a forte correnteza se encarregaria de carregar o monstro para bem longe, onde não pudesse atacá-los. Squall o seguiu de perto, fulminando a criatura com seus mísseis mágicos. Sairf vinha logo atrás, pensando numa forma de salvar o amigo.
Lá fora, Nailo viu Legolas, que acabara de matar um dos ratos fujões. Legolas se assustou com o que viu, e gritou para seus amigos, que correram para fora para ajudar Nailo.
Nailo gritava de dor, devido às queimaduras, então o monstro novamente o envolveu com seu corpo. Ainda assim, Nailo continuou arrastando a criatura, que cobria seu corpo soltando o terrível ácido sobre ele. Sairf correu e empurrou os dois para trás, tentando fazer com que Nailo chegasse até o rio mais depressa e se livrasse do monstro.
Os demais saíram da sala ao lado e ficaram espantados com a cena que viam. Sem hesitar, Anix se concentrou e evocou um feitiço. As palavras foram proferidas e os gestos corretos foram feitos. Ao final do ritual, Anix apontou a mão para o monstro e, sob sua vontade, a criatura começou a levitar.
Mesmo suspenso no ar, o monstro não soltava Nailo. Os dois estavam a seis metros de altura. Era preciso fazer algo rápido para separar os dois, pois se Anix os jogasse na água da forma como estavam, Nailo também seria tragado pelas águas.
Então, palavras arcanas chamaram a atenção de todos. O grupo se virou e viu Sairf concluindo a evocação de uma magia. O mago apontou para Nailo e seus olhos brilharam como tochas. O corpo de Nailo foi recoberto por uma secreção amarelada e escorregadia. O monstro não conseguiu mais segurar Nailo, que escorregou entre seus tentáculos e despencou seis metros até o solo. Nailo ainda conseguiu dar um giro no ar e caiu em pé, mas mesmo assim, os efeitos de uma queda tão grande foram sentidos pelo ranger.
Nevan parou quase embaixo do monstro, já com sua espada nas mãos e gritou “Pode soltar Anix!”, enquanto girava sua espada. Anix cancelou sua magia e o monstro despencou. Nevan o atingiu com sua espada negra, destruindo mais da metade de seu corpo líquido. Corajosamente, Squall atingiu um poderoso soco no que restava do monstro, e o destruiu por completo.
Squall e Nailo correram rápido até o riacho para lavarem as partes atingidas pelo ácido e assim, todos puderam se refazer do susto.

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