novembro 03, 2005

Capítulo 127 - Um sorriso de menina

O grupo rumava para o armazém de alimentos, a fim de se alimentar. Sairf saia para chamar seus amigos e Legolas se levantava após quase ter se afogado, enquanto Squall entrava no túnel, seguido de perto por Nailo. Tudo estava silencioso. Somente o som da cascata quebrava a monotonia mórbida daquele lugar. Mas um som diferente e assustador surgiu da escuridão, sobressaindo sobre o rugido das águas, e causando arrepios em Nailo e Squall.
O feiticeiro iluminou o túnel à sua frente, que terminava numa ampla caverna, para localizar aquele estranho som que lembrava o riso inocente de uma criança. O que Squall viu, deixou-o ainda mais assustado. Uma pequena menina, de longos cabelos ruivos, atravessou a caverna correndo e soltando um risinho tenebroso. Os que estavam mais distantes também puderam ver garotinha brilhando sob a luz da lanterna. Squall correu, e seus amigos o seguiram, emudecidos e temerosos.
Chegaram a uma caverna comprida, algo em torno de vinte metros, e toda irregular. Quase metade da caverna era ocupada por uma correnteza muito veloz, que se juntava com o riacho formado pela cascata para desaparecer na parede à direita dos heróis. A câmara tinha algo entre quatro e seis metros de largura, e a parede oposta ao túnel de entrada formava uma das margens do rio. À esquerda dos heróis, o rio cruzava pelo centro da caverna, e continuava numa outra câmara maior e semelhante. Desta vez, entretanto, o riacho ficava na parede adjacente ao túnel por onde os heróis haviam acessado o lugar. Por cima do rio havia uma ponte de pedras arqueada, que dava acesso à outra metade da caverna. No limite da visão era possível enxergar uma parede lapidada à direita que se abria num corredor com uma escada que descia para algum outro andar. A caverna continuava ainda mais além.
O grupo avançou, admirado com a beleza do lugar, e temeroso pelo que estava por vir. Chegaram até a ponte. Uma construção sólida. Feita de pedras lapidadas e encaixadas com requinte pelas mãos anãs. De onde estavam era possível ver o final da caverna, muitos metros à frente, que terminava em um túnel sinuoso que virava para a esquerda.
Novamente, ouviram um riso infantil. Squall direcionou a lanterna na direção do som, e Nailo disparou uma flecha incandescente na mesma direção. A luz clareou o lugar, e todos puderam ver uma pequena menina ruiva, usando um vestido vermelho desbotado enquanto olhava para o grupo.
_ Vamos brincar! Venham! Vamos brincar! – disse a menina sorrindo, antes de correr pelo túnel e desaparecer na escuridão.
_ Espere! Eu brinco com você mas me espere! – gritou Squall, já correndo sobre a ponte.
_ Então venha depressa! – respondeu a menina antes de se calar definitivamente.
Squall correu, seguindo a voz da menina. Sentia um calafrio na espinha, como se algo estivesse errado. Mesmo assim, não podia deixar de segui-la. Desejava saber quem era ela, e o que estava fazendo sozinha naquele lugar tão hostil. Squall continuou correndo, o mais que podia para alcançar a garota. Seus companheiros o acompanhavam de perto, mesmo contrariados, pois sabiam que alguma coisa muito estranha estava acontecendo ali. Talvez até tudo aquilo fosse parte de uma armadilha, preparada pelo coração negro que dormia sob a montanha, para acabar com os heróis. Mas nada disso importava para eles. Tinham a confiança de que se tudo aquilo fosse uma cilada, eles cairiam na cilada apenas para surpreender seu inimigo e se livrar dele. Tinham a coragem e a força suficiente para vencer qualquer inimigo e superar qualquer desafio. Infelizmente, eles estavam enganados. O grupo atravessou a caverna correndo. Passaram diante da escada e puderam ver que ela descia alguns metros e terminava numa porta entre aberta. Os últimos degraus da escada, bem como a metade inferior da porta, não podiam ser vistas, pois o lugar estava tomado por uma água escura e mal cheirosa. Sem parar seguiram adiante, até atravessarem todo o túnel que corria por dentro da montanha formando uma letra “s”.
Chegaram a uma nova caverna, semelhante à anterior, mas agora o rio se encontrava à direita deles, separando-os de uma outra plataforma rochosa logo depois do rio. A câmara se estendia ao longo do riacho por cerca de vinte metros e era estreita e sinuosa. Não tinha mais que seis metros de largura nos trechos mais abertos. Pouco antes do fim da caverna, havia a entrada para alguma sala ou corredor oculto por uma porta. O chão era decorado por estalagmites, mantidas intocadas para preservar a beleza natural do lugar. Na plataforma após o rio havia ainda uma enorme estalagmite, que quase tocava o teto a cinco metros do solo, e de aparência muito estranha. A menina, entretanto, já não estava mais lá.

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