novembro 17, 2005

Capítulo 140 - Campo de batalha

Anix seguia à frente do grupo, invisível, e iluminando o corredor com uma vela fornecida por Sairf. Era um corredor extenso, três metros de largura e uns vinte de comprimento. Quatro portas de madeira, todas fechadas, distribuíam-se, igualmente espaçadas, pela parede da esquerda. Na parede oposta, outras três portas, também fechadas, despertavam a curiosidade e a desconfiança dos heróis. O chão estava coberto de poeira, terra e entulho e, assim como as paredes, estava manchado com sangue. As paredes velhas e desgastadas apresentavam marcas de pancadas e cortes, como se tivessem sido golpeadas há muitas eras atrás.
A cada porta, Anix parava e encostava seu ouvido na madeira para espreitar o que se escondia por trás dela. Um pouco mais atrás, Sairf repetia o movimento de seu companheiro para terem certeza de que não seriam surpreendidos por nada. Legolas, que vinha em seguida, checava cada uma das portas, verificando se alguma delas estava destrancada. Para espanto do arqueiro, todas as portas à esquerda estavam destrancadas, e a porta central do lado esquerdo também. As outras duas estavam trancadas a chave.
Anix chegou ao final do corredor. Legolas e Sairf estavam logo atrás dele, a menos de dois passos de distância e os demais já adentravam pelo corredor, vários metros atrás dos três. A visão que se seguiu não agradou os olhos de Anix. Dezenas de corpos espalhavam-se pelo piso de um grande salão retangular. Em seus doze metros de comprimento havia pelo menos sete combatentes anões, largados nos mesmos pontos onde caíram há centenas de anos. Cada um deles estava cercado por cerca de uma dezena de guerreiros orcs, retalhados pelas lâminas de Durgedin. Saqueadores que estiveram ali antes dos heróis haviam tido o trabalho de retirar todas as armas e armaduras, deixando apenas restos de armas, armaduras e escudos quebrados e enferrujados pelo chão. Manchas de sangue, mão e pés decepados, expressões de dor na face dos combatentes, tudo se juntava para decorar o ambiente, outrora uma grande sala de estar do povo de Durgedin, de uma forma macabra e arrepiante. À esquerda de Anix, centralizado nos nove metros de largura do salão, havia mais um poço ou fonte, cercado por uma mureta baixa de pedra, toda danificada e repleta de rabiscos em idioma orc. Na parede oposta ao corredor haviam duas portas, e mais uma no centro da parede da direita, que estava a três metro de onde se encontrava Anix.
Após averiguarem a condição dos cadáveres, e constatar que nenhum deles estava em condições de se levantar para atacá-los, os três heróis se dividiram. Anix foi ouvir a porta esquerda, Legolas a central e Sairf a que ficava na parede da direita. Seus companheiros não ouviram qualquer ruído suspeito, mas o familiar de Sairf sim. Ho-oh avisou seu mestre de que havia alguém do outro lado da porta. Uma criança ou uma mulher chorava angustiada após aquela porta.
_ Pessoal! Ho-oh ouviu alguém atrás da porta! É uma voz de mulher ou de criança! – Sairf avisou seus amigos.
Legolas estremeceu completamente. Uma voz de mulher. Poderia ser Liodriel atrás daquela porta. Ansioso por reencontrar sua amada, o elfo correu até onde Sairf estava. Anix também foi até o local rapidamente, e junto com ele Sam, que acabara de chegar ao salão.
_ Salvem a bela dama! – gritou o bardo correndo até a porta – E se essa não for a bela dama de Legolas, eu é que a carregarei!
Sim, Sam estava correto. De acordo com o último sonho premonitório que tiveram, não era Liodriel atrás daquela porta, mas uma outra prisioneira. Com medo de perder a chance de salvar uma donzela e receber a devida recompensa por isso, Sairf abriu a porta, que pra sua surpresa estava destrancada.

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