novembro 04, 2005

Capítulo 129 - A pequenina e a chave da libertação

Legolas, Nailo, Lucano e Squall retornaram, em direção ao andar superior da montanha. Tinham em mente dar alguns trogloditas mortos em combate para o monstro, em troca da liberdade de Sam. Os trogs eram lagartos e um pouco semelhantes com dragões. Talvez servissem para saciar a fome daquele estrangulador terrivelmente forte.
Sairf, Anix e Nevan seguiram em frente, em direção à porta no final da caverna. Eles ainda precisavam encontrar a tal chave para poder salvar Liodriel, e com certeza ela estaria atrás daquela porta. Com a desculpa de que procurariam por um dragão mais à frente, os três conseguiram passar pelo monstro para procurar a chave que poderia libertar Liodriel.
O trio chegou diante da porta. Uma porta de madeira bastante reforçada, e muito, muito antiga. Forçaram a porta para dentro e ela se abriu num longo e tenebroso rangido. A porta dava para um corredor estreito e baixo, com uns quinze metros de comprimento. À direita, uma parede de pedras lapidadas, muito suja e escura. À esquerda, três portas pequenas e sem janelas. As duas primeiras estavam entre abertas. A última, entretanto, estava fechada. Diante dela, a menina ruiva acenava com um sorriso para os heróis. Seus olhos pareciam não ter pupilas. Eram tomados de um branco sobrenatural e brilhante. A criança chamou os jovens e atravessou a porta como um fantasma, desaparecendo através dela. Anix, Nevan e Sairf engoliram a seco e atravessaram o corredor sem pressa. Suas pernas estremeciam e o suor pingava de suas testas, apesar do intenso frio que sentiam.
Com um poderoso golpe de espada, Nevan partiu o cadeado da porta em dois. A porta se abriu devagar, presa pela ferrugem das dobradiças e pelos séculos de abandono. Atrás dela havia uma sala pequena e baixa, repleta de sujeira, entulho e teias de aranha. Ao fundo jazia o corpo já decomposto de uma anã ruiva, vestida com uma armadura de placas, já há muito enferrujada. Ao lado dela um enorme livro, com um corte de espada que o atravessava. Todos compreenderam que a menina na verdade não passava do espírito daquela pobre prisioneira. Com lágrimas nos olhos, Anix recolheu o livro do chão e o abriu. Era um diário, que contava em detalhes o que havia acontecido no salão do esplendor. Khundrukar, salão do esplendor e anão antigo, havia sido invadido por orcs que fugiam da praga que mutilava sua raça no reino vizinho de Lomatubar. Esses seres desprezíveis conseguiram cavar uma entrada para a morada de Durgedin e invadiram a montanha. Uma feroz batalha foi travada entre anões e orcs. No final da luta, os orcs saíram vitoriosos. Garimm Punho de Aço, a anã na cela, foi capturada ainda com vida e trancafiada naquela cela, onde passou quarenta dias sem água e comida, até finalmente perecer de inanição. Os anões de Khundrukar haviam tido um destino triste e trágico que agora seria revelado ao mundo. Anix fechou o livro e fez uma prece para sua deusa pedindo para que ela abençoasse aquela pobre alma.
Muito emocionado, Sairf começou a vasculhar o corpo de Garimm. Por baixo da armadura ele encontrou o que eles buscavam. Uma chave prateada, castigada pelo tempo e pela ferrugem, ostentando um entalhe com a figura de um anão zangado, o próprio Durgedin, brilhou nas mãos do mago. Sairf prometeu que traria descanso para a alma de Garimm de alguma forma, levantou-se e saiu junto com seus amigos. Do lado de fora da sala, os três se viraram, para dar uma última olhada no corpo. Ao lado do cadáver de Garimm, estava a mesma menina que lhes havia indicado o caminho. Os três piscaram, espantados e, ao abrirem novamente os olhos, não viram mais a menina. Em seu lugar estava uma anã de idade já avançada e cujos traços lembravam os da garotinha. Era o espírito de Garimm. A anã curvou-se, como que agradecendo aos heróis e desapareceu em pleno ar.
Anix guardou a chave com sigo e ficou invisível novamente. Nevan e Sairf passaram pelo monstro e foram ao encontro de seus amigos. Sairf ainda tentou oferecer Ghorad para a criatura, na esperança de conseguir libertar Sam. Mas como sua tentativa foi em vão, os dois rumaram para o andar superior, enquanto Anix vigiava, oculto pela sua invisibilidade.

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